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Sobre livros e pessoas II - Resgatando o prazer de ler.

A casa não chega a estar de pernas para o ar, porque vou arrumando aqui e ali, passando um paninho úmido nas portas entre os cômodos,  na porta da geladeira, do fogão, do microondas... Sujou. Pouquinho e jávou limpando, mas está precisando de uma  faxina-faxina e não da faxina meia boca  que minha coluna tem me permitido. Desinstalei o facebook e  passei a ler dois livros, fininhos  de contos. Há anos não lia um livro completo. Que maravilha! Há muito tempo, mas muito tempo mesmo não lia com tanto prazer.  Aqui na Tijuca, na Rua das Flores, esquina com Conde de Bonfim, bem na calçada do lindo edificio onde funcionava o Cine Carioca( hoje, para desgraça dos tijucanos, funciona um templo de religião neo pentecostal), tem um livreiro. Um sebo, livros usados das mais antigas datas e dos mais sortidos interesses. O melhor sebo da Tijuca, num quiosquezinho apertado e um rapaz sempre muito ocupado entre um cliente e outro na tentativa constante de  arrumar aq...

Sobre livros e pessoas

Uma amiga disse ainda a pouco:  "A relação das pessoas com os livros define o seu caráter" e penso na minha família "tarada" por livros. Minha família é tão tarada por livros, que quando tem visita deles em casa, mostramos o cofre, mas não partilhamos a estante. Na verdade, pensando bem agora me dou conta que as estantes nas casas dos meus irmãos têm portas. Os livros ficam guardados e protegidos dos olhos profanos. Outro hábito que temos; encapamos os livros para ninguém saber o que estamos lendo. Os livros didáticos são encapados com com capas transparentes (todos sabem o nosso interesse acadêmico) Os livros de ficção são encapados com papéis bonitos; Os livros místicos, religiosos, de bruxaria são encapados (e penso que fui eu que iniciei esta tradição, são encapados com encarte de lojas ou encarte de jornal.  Funciona assim: No jornal vem o encarte de  mercado, das Casa Bahia, Lojas de departamento.... encapamos com eles. Eu, particularmente encapo os livros...

Você também é nresponsável.

Esta música determinou a escolha da minha profissão nesta vida. Em 1971, aos oito anos de idade,  decidi que seria professora, igual às minhas. Em 72,  comecei a alfabetizar uma moça chamada Maria do Livramento que tinha um sonho simples: parar de "trabalhar na cozinha dos outros" dizia ela, para trabalhar numa fábrica de confecções, a antiga Guararapes. Aos dez anos, escrevia as cartas de D. Soledade, nossa vizinha e mãe de minha única amiga de infância, cujos filhos não tinham  lá muita paciência  para escrever suas cartas aos parentes que viviam no  interior. Escrevi as cartas de D. Soledade até os onze anos, depois meu pai não permitiu mais por achar que podia ter algum conteúdo impróprio ou sigiloso e não era para a  filha dele estar metida em "conversas de Candinha". Ele só me deixava dar aulas para Livramento , só porque ela trabalhava na Casa de Seu Zé Lima com o qual não se bicava.  Meu pai sentia alegria ao saber que a moça ia (e foi para ...

Pastel de flango

Um amigo brincando exclamou ao me ver: Ah, Luci, não me venha dizer que é coxinha! E eu respondi: Sou a coxa esquerda "mermão"! p.s. Pela minha história não posso ter outro posicionamento político senão de esquerda. Sou pobre, sou mulher, sou mestiça, sou trabalhadora assalariada (pisoteada), sou da periferia. Um governo de esquerda, mesmo não me dando nada , criou uma política  de inclusão que me  permitiu melhorar só um pouquinho para logo a seguir , um governo de Direita me tirar todos os direitos trabalhistas, me desmerecer como profissional e me desqualificar no meu saber. Não posso ser de outra coisa senão de Esquerda. Mas não a Esquerda que se faz neste país. Gente que foi pobre como eu  enricando, enchendo as burras com o dinheiro público.  Aqui no Brasil, não sou nem de Direita, nem de Esquerda. Aqui, Esquerda e Direita são duas organizações criminosas que se revezam  na pilhagem doa recursos do país, com uma só diferença: a esquerda, enquanto pilha,...

Procurando pistas no vilarejo

Num lugar lindo, afastado do centro urbano, uma aldeia, uma vila com casas simples mas, bem cuidadas, janelas e portas simples pintadas em azul, umas de madeira, mas não tipo chalé, casas simples de madeira que demonstravam os poucos recursos daquelas pessoas. Mas a vista é linda. Ao longe no horizonte uma cadeia de montanhas  de onde pode-se avistar o cinza das torres dos arranhas-céu  de uma cidade distante. Aqui, o cheiro de mato, do barro, da rua ainda não totalmente asfaltada. Entro numa vila de casa pois preciso comprovar algo que ainda não sei o que é, mas algo que a minha mãe vem escondendo de mim. Entro e lembro da casa do meu irmão. Por onde ele anda agora? E porque a teimosia em manter esteol imóvel depois de tanto tempo? Encontro a chave e entro na casa simples de poucos cômodos Sala, quarto, cozinha banheiro e quintal com vista para o vale lá embaixo e as montanhas no horizonte. Faço uma espécie de reconhecimento do local tentando encontrar lembranças do meu irmão...

Carnaval 2018

Aqui tem muito Carnaval. Muito bloco de rua, escola de samba no sambódromo. Muito gringo. Muiiiito turista. Eu não sei porque esse povo se dá ao trabalho de vir numa cidade sem policiamento, escura, fedorenta a urina, fezes e vômito dos  cachaceiros foliões. Daí o gringo vem de lá bem educadinho (ou nao)chega aqui vai fazer a mesma coisa pois coisa ruim se aprende fácil. Além do que, os banheiros químicos são nojentos! Assaltante para todo lado que se vire. Homens grosseiros puxando a mulher passante pela mão.Eu odeio Carnaval no Rio de Janeiro. No Brasil de uma forma geral pois Salvador, Olinda e Fortaleza tranaformam-se num grande WC(sujo) ao ar livre . Até terça-feira só o comércio funciona "a meia boca".  Um país onde não se tem absolutamente nada para comemorar, um governo golpista que acabou com os direitos do trabalhador, acabou com as Universidades públicas pois falou a UERJ  a UFF funcionam precariamente e a UFRJ é uma grande panela. Não tem hospitais, e s...

Les Misérables

Saindo da Saraiva após ler o primeiro capítulo de Os miseráveis, vou ao Itaú pagar uma conta. Duas crianças, duas meninas entre 9, 10 anos "morando" , com cãozinho e tudo dentro do espaço reservado aos caixas eletrônicos. A despeito daquele caixa ser o mais assaltado e ter o maior índice de "saidinha de banco"  na Tijuca (Conde de Bonfim com General Rocca), uma fila enooorme indo até parte  da calçada. Lá dentro, ao lado direito da  porta, uns trapos estendidos como cama, sacolas plásticas, um pratinho com ração para o filhotinho bem novinho, com cara de doente e que permanece deitado como bom filhote. Senti logo o odor forte de comida de cão já passada. E as meninas sorridentes pedindo um dinheiro a quem entra e a quem sai. Um rapaz abre sua sacola de compras e retira um saco de ração, abre e despeja um tanto numa sacola de plástico, o que as meninas aceitaram de bom grado. Fiquei surpresa com a confiança delas em conseguir mais pois uma disse a outra. Nossa, ele ...