A Moda e o Pret a porter
Preciso de uma costureira modelista, daquelas que modelam, cortam e costuram as nossas roupas como no tempo em que eu era criança. Minha mãe comprava a fazenda na Girafa, escolhia o modelo e nos mandava pra casa da D.Luci. Lá ela tirava as medidas, anotava numa caderneta tipo daquelas de português anotar o fiado, marcava o dia da prova dali a uma semana mais ou menos. No dia da prova era só uns ajustes bobos, pois a roupa foi feita sob medida, dali a uma semana ou menos, a roupa estava pronta. Imagino que Dona Luci, como toda costureira que se preza, devia emendar o dia com a noite para efetuar as entregas no prazo. Por isso era importante agendar com antecedência das festas. Um mês antes era garantia de que teria a roupa no prazo pois não havia nada pior do que receber a roupa no dia da festa. Aquela tensão de que poderia não estar pronta.
Hoje em dia essa profissional não existe mais. Até já vi um ateliê lá em São João de Meriti mas tenho até medo de ir lá e me decepcionar pois hoje tudo é feito por moldes: tamanhos P,M,G,, GG. No meu tempo de criança e adolescente só existia um tamanho: o tamanho do cliente. A costureira sabia qual através de uns cálculos quase sumérios.
Minha avó era mestre na costura, mas ela vinha de um tempo bem anterior.Cosia tudo à mão com uma precisão cirúrgica, não tinha um ponto maior que outro, bordava, pregava fecho-eclair, pespontava. Minha mãe também já costurou pra fora (no mal sentido, ou seja pegava encomenda de costura e tinha os benditos prazos), era uma panaiada dentro de casa. Mas eu adora ajudar minha mãe arrumar a mesa para o corte. Mas minha mãe não era mestre como D.Luci ou como vovó. Mainha era curiosa e a necessidade é a mãe de todas as oportunidades. Mainha via na costura, uma oportunidade de ganhar um dinheiro para nosso material escolar e , muitas vezes, sustentar a casa nas muitas internações do meu pai. Ela aprendeu parte dessa atividade, na Escola Doméstica de Natal, onde, na época dela, estudavam as moças de fino trato. Escola nos Mildes das Escolas Suiças, o resto ela aprendeu por tentativa e erro com métodos da Escola Moderna*. Eu nunca aprendi aqueles cálculos. Que coisa mais difícil deveria ser fazer a cava de uma blusa casar com a manga.
Pois bem, hoje em dia, para quem não pode frequentar ateliês contenta-se com o pret a porter, a moda pronta, que a despeito das poucas grandes marcas que cobram os olhos da cara, é uma moda porcaria cheia de defeitos e fiapos pendurados, vendida em lojas do tipo Renner, CA, Riachuelo e cia LTDA.
A moda hoje, ao menos a que eu posso pagar, é uma droga, uns farrapos sem caimento, até mesmo aquela dita alfaiataria. Só se for a alfaiataria do tempo da D.Luci por que alfaiataria não se vende em magazines.
Por várias vezes me inscrevi num curso,, mas minha vida não me permite o luxo de ter um hobby. Pois é. Não queria costurar por necessidade porque costura desse jeito não dá camisa a ninguém kkk Só ao cliente. Se tiver um. Vou procurar uma costureira e vou encontrar mas não aqui no Rio. Olha só que mão de obra!
Tenho uma tia que, segundo minha mãe, costura muito bem, mas mora em Maceió e só costura por hobby. Implorei pra fazer um blaser pra mim e ela fingiu que nem escutou, mandou um corte de tecido por minha mãe com o qual eu nem pude ficar. Pra quê? Quem vai costurar?
A minha irmã mais velha tem uma oficina de costura, sempre costurou, mas costura pra Fissura, pra Ana Hickman e para essas grifes que eu odeio porque são caras demais e os tamanhos são pra formigas ou para as mulheres japonesas. Sei que ela costura muito bem, acabamento perfeito, mas não modela, não corta. Só corta por moldes pré prontos. Se quiser fazer uma graça, tem que pagar uma estilista e modelista.
Pois é, nesta semana, conversando com uma amiga, falamos em estudar moda, o melhor curso que sei é o CETIC
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