É, MÃE, ACHO QUE ESTOU FICANDO VELHO.


mensagem de Rani para mim, hoje. 

Esse foi um texto que escrevi hoje... pensei que para você como mãe seria legal de ler.

Considerações finais de um ex-boêmio:


Tantas cervejas que viraram urina, tantos cigarros que viraram tosse, tanto dinheiro que virou centavos. Paro e penso: Qual é o fruto desse estilo de vida que levamos? Barzinhos, festinhas, eventos, o que fica para nós de realmente significante que valha a pena contar? Lembranças, pessoas, amigos? Lembro mais do acampamento que fiz em outubro do ano passado do quê da cerveja que bebi “ontem” de madrugada dando várias gargalhadas. Amigos? Vejo cada ver mais as pessoas ao meu redor perderem sua profundidade, sua essência,  tornando-se insuportavelmente fúteis, lobotomizadas pela aparência social que acham que possuem. “Sou legal, estou em tudo que é bacana e descolado. Faço belas artes, teatro, fotografia, circo, Parque Laje e ainda toco violão. Olha como sou uma pessoa interessante!” O famoso ouro de tolo, mais preocupados em falar que “é” sem de fato vir a “ser”.


Ninguém conversa mais olhando no olho, ninguém sente mais o outro ou ao menos se preocupa de fato com ele. Estamos mais preocupados em saber qual é a boa do quê saber o porquê da cara emburrada daquele amigo de infância que sempre esteve ali.  Sem falar dessa conotação de amizade que nos circunda (ou assombra); agora o bom amigo não é aquele cara que te liga quando você está mal por causa de uma frustração amorosa, nem aquele que te leva uma comida pronta quando você está doente, mas sim aquele que bebe contigo com mais frequência e que te leva nas festas e lugares pseudo-bacaninhas que todos falam. Novamente eu me pergunto: O que é que fica de substancial disso tudo? O que levamos para a vida que poderemos orgulhosamente contar para os nossos filhos, netos, ou simplesmente lembrar emocionados no final de uma tarde de domingo daqui a alguns anos? Nunca vi história de vovô contando que tomou todas as cervejas do mundo ou das festas cheias de pessoas junkies-pomposas que frequentou, mas sim das viagens, das amizades reais, dos amores e paixões que eles viveram. Momentos em que a presença do calor humano de fato prevaleceu. O ser humano foi o único animal que evoluiu e perdeu o senso de conjunto...

Sinto-me farto de tanta solidão acompanhada. Farto dessa síndrome de Peter Pan que também me contaminou. “A vida é uma festa e eu um eterno jovem! Viva ao amor livre!” Pro inferno essa utopia! Pro inferno essa teoria que na prática só nos esvazia!  Quantas coisas belas e duradouras não desperdiçamos com esse tipo de pensamento? Essa não é a minha essência e nem o que eu quero para o meu futuro. Existe um momento em que cai a medonha ficha de que tudo que te circunda não passa de meros reflexos numa sala de espelhos onde pouco a pouco cada uma das imagens se fragmenta em cacos pelo chão. Para mim esse momento é agora.

Quero pessoas reais, olhos que brilham ao falar, motivações contagiantes, memórias ardentes, coisas que em que eu realmente me identifique e que me marquem como pessoa. Chega de gastar rios de dinheiro em situações que serão apenas mais uma. Eu moro sozinho, meus pais não me sustentam, sou freelancer e meu dinheiro é muito suado! Se eu fechar os olhos num catálogo de viagens, passar os dedos por cima e imediatamente comprar uma passagem de ônibus para o lugar em que eles pousaram o meu dinheiro será muito mais bem gasto e vai me acrescentar bem mais do que nas noites corriqueiras ao longo da semana que estamos acostumados. Chega de companhias que se escondem atrás de máscaras alegres! Meros sapos boêmios decadentes que passam as noites a coachar embriagados nas esquinas dessa cidade! Essa alegria de areia dura só até no máximo o amanhecer, depois você vai para casa e acorda na tarde seguinte sem se lembrar de muita coisa e com uma puta ressaca. Novamente a questão, o que ficou a não ser menos 50, 100 reais na sua conta?

Acho que todos nós temos o desejo de deixar a nossa marca nesse mundo. De obter sucesso em nosso ofício, de significar algo para alguém e de se fazer lembrar nas mentes daqueles que nos conhecem... só que isso não vai acontecer desperdiçando tempo útil seguindo por caminhos nebulosos e muito menos em companhia de pessoas vazias, opacas, incapazes de sentir o outro e que não esperam nada da vida a não ser a próxima rodada.

Sem mais.

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